20 setembro, 2007

E eu...estou aqui!

- Olaaaa
- Carolina?
- Sim mas... porque é que me estás a ligar do tlm do Jorge?

A chamada caiu, por momentos o relógio parou, no pensamento a pior das ideias, o telefone voltou a tocar...

- Carolina, o Jorge teve um acidente...
- ...
- Tás aí?
- Como é que ele está?
foi a única coisa que conseguiu dizer, baixinho, a tremer com medo da resposta...
- Está a ser tratado, não te sei dizer mais nada. Mas tá vivo...
- Mas, quando? onde? porquê? porquê? porquê????

Do outro lado não havia respostas...

A velocidade perdeu-se no tempo, as imagens, as palavras, a memória, o som, o riso, as brincadeiras, conversas, os momentos surgem sem saber a ordem, os telefonemas continuam pela noite dentro, as perguntas continuam sem respostas, aquela ideia não se desvanece, "e se???? "...
Pensa-se em tudo, na vida, na morte, nas palavras que não se disseram... uma espécie de céu que se desvanece e nos derruba, um mar revolto que nos enrola, uma angústia que nos envolve e nos inunda novamente de "porquês"...E o lado egoísta mas no fundo reflector do sentimento fala mais alto, não pode, não lhe pode acontecer nada porque não quero, porque não pode, porque... simplesmente não pode!

Pediram-lhe calma e racionalidade... a Carolina riu-se e perguntou a ela mesma se aquela gente tinha enlouquecido! Como é que, estando longe, sem saber se o que lhe diziam era verdade, sem poder ver, ajudar, acalmar e mimar, como é que ela podia ficar calma, impávida e serena como se nada fosse?! E como é que lhe podiam pedir isso?! Gente doida!
Além disso ela sabia muito bem o que queria, e nada, nem ninguém a faria mudar de ideias!
E só acalmou quando lá chegou, quando viu por ela mesma aquele sorriso a reclamar "o que é que vieste cá fazer?", ela não ligou, sabia o significado daquela frase, típica, ela teria dito o mesmo, mas não o sentia, a última frase era mais real "ainda bem que vieste"... e teria ido, ao outro lado do mundo se fosse preciso...
E a vida é esta coisa, cruza o limiar sem sequer darmos conta, prega-nos rasteiras, mas nós levantamo-nos sempre, nunca sozinhos, mas com o apoio de todos os que nos rodeiam, e eu... estou aqui!

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